Acredito ser a primeira vez em que penso de maneira séria que a busca por equilíbrio na minha vida passou a ser incondicional. Obter ou sucumbir. Neste último instante, derradeiro momento, fim do extremo: ou ter, ou não ter. Oito ou oitenta.
Em retrospecto, cada fase da minha vida teve um foco exclusivo. Algumas fases curtas, outras mais duradouras, de meses à horas, o foco era um só: ou o namoro, ou o emprego, ou o Escotismo, ou a bicicleta, ou a música, ou a escrita, ou os hobbies.
A vida parece começar enfim, a cobrar o preço disso. Preciso aprender os malabares do equilíbrio agora, pra ontem, para semana passada, para quatro semanas atrás. Aprender a dizer "não". Pensar antes de me dispor. Equilibrar a razão - financeira, matemática, cronológica, lógia - com a emoção - passageira, duradoura, forte, fraca, verdadeira ou falsa.
Noutros momentos já expressei o achado desta encruzilhada: equilíbrio ou queda. Entretanto, é a primeira vez que chego nessa escolha de percurso com serenidade suficiente para levar a sério e agir com o acúmulo de maturidade - o juntar das migalhas ao longo do tempo que vai passando.
Supor sobre o que escolher se eu tivesse escolha é um exercício desnecessário e repetido: o momento de escolha existe a todo o instante. E dizer "não" é uma escolha. Dizer "não" não significa desejar menos algo - é priorizar algo que se deseja mais. O "não" não descarta - a sinceridade dá o crédito - mas o "não cumprir satisfatoriamente com o sim" mina o crédito.
Ainda analisando o prognóstico, de todos os focos - ou ao menos na maior parte do tempo - nenhum deles foi "eu". Podiam ser "minhas coisas", mas sempre por outras pessoas. O "meu tempo", não lembro de ter tido - quiça horas minhas.
Escrever, por várias vezes foi um "escrever pra gringo ler". Embora outras tantas foi um "escrever por mim".